- Release March 21, 2025
EAN/UPC: 705304473122
Traumton 4731
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Lineup:
Telmo Pires: vocals
Tiago Machado: piano, keyboards
Tiago Mourão: bass, double bass
José Manuel Neto: portuguese guitar
Luis Guerreiro: portuguese guitar
Marco Coelho: classic guitar / viola de fado
Luiz Arantes: classic & electric guitar
Tiago Neto: violin
Vasco Broco: violin
Jorge Teixeira: violin
Teresa Fernandes: viola
Adriana Estrela: violin
Produced and arranged by Tiago Machado
Voice recorded at ‚MC Sound Studios‘ by Miguel Camilo
Piano and strings recorded at ‚Twenty one Studio‘ Engeneer: Pedro Vilas
Mixed and mastered by: Tiago Machado and Fernando ‚Naná‘ Nunes at ‚Pé de vento‘ studios
Publishing: Rossio Music Publishing
Info / Info english
Telmo Pires – Fado Variações
Eine Hommage mit eigener Handschrift …
António Variações, geboren 1944 bei Braga, war ein Pionier, der traditionelle portugiesische Klänge mit modernen Pop- und Rockelementen verband. Seine Musik war revolutionär und spiegelte seinen Mut wider, gesellschaftliche Normen zu hinterfragen. Mit Hits wie „Estou Além“ oder „O Corpo é que Paga“ schuf er eine völlig neue Klangwelt, die bis heute als wegweisend gilt. Variações, der 1984 im Alter von nur 39 Jahren verstarb, hinterließ ein musikalisches Vermächtnis, das Generationen von Künstlern inspiriert hat. Seine Texte, oft geprägt von Melancholie und Selbstreflexion, berühren auch heute noch die Seele seiner Zuhörer.
Mit seiner unverwechselbaren Stimme und künstlerischen Tiefe widmet sich Telmo Pires nun erstmals ausschließlich dem Werk eines anderen Künstlers.
Auf seiner neuen EP „FADO VARIAÇÕES“ / „FADO VARIATIONEN“ interpretiert Pires fünf Stücke des legendären Musikers, dessen avantgardistischer Stil bis heute nachhallt.
Telmo Pires, der aus Bragança stammt und seine Karriere in Deutschland begann, hat sich als einzigartiger Interpret des Fado etabliert. Seine Musik verbindet die Tradition mit neuen klanglichen Facetten, und genau diese Herangehensweise prägt auch seine Neuinterpretationen der Songs von António Variações.
„Estou Além“ / „Ich bin jenseits“ etwa erhält durch Pires’ ruhigere, fast kontemplative Darbietung eine völlig neue emotionale Tiefe. „O Corpo É Que Paga“ / „Der Körper bezahlt dafür“ hingegen spielt mit einem fadohaften, doch ungezwungenen Charakter, während „É p’ra Amanhã“ / „Lass es für morgen“ die poppige Seite von Variações’ Erbe betont.
„Adeus que me vou embora“ / „Auf wiedersehen, denn ich gehe“, ein Song den António Variações selbst nicht mehr veröffentlicht hat und nur als Demo-Version existiert, wird zu einer Hymne begleitet von Flügel und Streichquintett.
Ein besonderer Höhepunkt ist „Voz-Amália-de-Nós“ / „Amálias‘ Stimme in uns“, das Telmo Pires mit einer intensiven, fast beschwörenden Kraft singt – eine Hommage sowohl an Variações als auch an Amália Rodrigues, die Stimme und Seele des Fado.
Diese EP „FADO VARIAÇÕES“ ist nicht nur eine Verbeugung vor einem Ausnahmekünstler, sondern auch ein Beweis für Telmo Pires’ eigene künstlerische Weiterentwicklung.
Links:
Web: http://www.telmopires.com
Traumton: https://www.traumton.de/records/playlist/fado-variacoes/
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Telmo Pires – Fado Variações (english)
A homage with its own signature …
António Variações, born in 1944 near Braga, was a pioneer who combined traditional Portuguese sounds with modern pop and rock elements. His music was revolutionary and reflected his courage to question social norms. With hits such as “Estou Além” or “O Corpo é que Paga”, he created a completely new world of sound that is still considered groundbreaking today. Variações, who died in 1984 at the age of just 39, left behind a musical legacy that has inspired generations of artists. His lyrics, often characterized by melancholy and self-reflection, still touch the soul of his listeners today.
With his unmistakable voice and artistic depth, Telmo Pires is now dedicating himself exclusively to the work of another artist for the first time.
On his new EP “FADO VARIAÇÕES” / “FADO VARIATIONEN”, Pires interprets five pieces by the legendary musician, whose avant-garde style still resonates today.
Telmo Pires, who comes from Bragança and began his career in Germany, has established himself as a unique interpreter of fado. His music combines tradition with new sonic facets, and it is precisely this approach that characterizes his reinterpretations of António Variações‘ songs.
“Estou Além” / ‘I am beyond’, for example, is given a completely new emotional depth by Pires‘ quieter, almost contemplative performance. “O Corpo É Que Paga” / ‘The body pays for it’, on the other hand, plays with a bland, yet unforced character, while ‘É p’ra Amanhã’ / ‘Leave it for tomorrow’ emphasizes the pop side of Variações‘ legacy.
“Adeus que me vou embora” / ‘Goodbye, because I’m leaving’, a song that António Variações himself no longer released and only exists as a demo version, becomes an anthem accompanied by a grand piano and string quintet.
A particular highlight is “Voz-Amália-de-Nós” / “Amália’s voice in us”, which Telmo Pires sings with an intense, almost incantatory power – a tribute both to Variações and to Amália Rodrigues, the voice and soul of fado.
This EP “FADO VARIAÇÕES” is not only a tribute to an exceptional artist, but also proof of Telmo Pires‘ own artistic development.
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Telmo Pires – Fado Variações (português)
Variações em Telmo
Do “corpus” musical de António Variações (1944-1984) podem dizer-se muitas coisas, mas há um facto indesmentível: o de a sua importância ser quase diametralmente oposta à sua dimensão. Com efeito, num curto espaço de dois anos, entre 1982 e1984, foi publicada a totalidade dos registos discográficos do criador: um single (desdobrado em máxi-single), com o original “Estou Além” e a espectral versão de “Povo Que Lavas no Rio”, e os álbuns “Anjo da Guarda” e “Dar &Receber”. Poderíamos, no entanto, estar perante um daqueles casos em que um músico é popular no seu tempo – porque António Variações foi-o, sem qualquer dúvida, ainda que primeiro se tenha estranhado e depois entranhado – mas cuja morte prematura faz esquecer os ecos dessa fama. Não é esse o caso de António Joaquim Rodrigues Ribeiro, o rapaz que nasceu no Minho quando a 2.ª Guerra Mundial ainda decorria mas que nunca reduziu a sua visão a um só território geográfico e artístico. A saudade, que neste ano de 2024 conta já quarenta anos, só tem valorizado o lugar cimeiro das canções de Variações – na sua voz e nas de outros, como agora é o caso.
Telmo Pires não nasceu no Minho – mas em Bragança, mesmo na região transmontana vizinha. Como António Variações, desbravou fronteiras e foi na Alemanha que começou o seu percurso, estreando-se em disco em 1998, com “Chansons Fado Lieder”. Seria com o terceiro trabalho, “Passos”, de 2004, que se afirma a cantar apenas em português, trilhando a partir daí um caminho cada vez mais pessoal. Primeiro ao lado da conceituada pianista alemã Maria Baptist (em “Sinal”, de 2009) e depois com “Fado Promessa” (2012), não por acaso o álbum do cantor com mais composições de sua autoria, a voz de Telmo Pires começa então a destacar-se de forma mais consistente. Os álbuns seguintes – “Ser Fado” (2016) e “Através do Fado” (2020) confirmam isso mesmo, trazendo versões de Maria Guinot, de José Afonso ou de Jorge Fernando ou ainda letras originais de Nuno Miguel Guedes ou de Tiago Torres da Silva para fados tradicionais. E é precisamente no penúltimo destes álbuns que encontramos a interpretação de uma canção inédita de António Variações, “Ao Passar por Braga Abaixo”. Com um pé na tradição, tão cara ao autor de “Sempre Ausente”, e outro no momento presente, esta parecia uma incursão natural – e é, de certa forma, o preâmbulo desta nova aventura de Telmo Pires. Como cúmplice privilegiado, está o músico Tiago Machado, responsável pelos arranjos e pela produção, para além de José Manuel Neto (e, pontualmente, Luís Guerreiro) na guitarra portuguesa.
Em formato de EP, com cinco faixas, esta viagem é especial no próprio percurso do cantor desde logo por ser a primeira vez que este dedica um trabalho inteiro à obra de um outro autor. As canções escolhidas vêm de momentos diferentes do percurso de Variações, começando no disco de estreia e indo até ao períodopós-1984, com “Adeus Que Me Vou Embora” (que primeiro ouvimos por Lena d’Água, no álbum “Tu Aqui”, de 1989, e, já em 2004, pelos Humanos). Se aqui é o acompanhamento ao piano (por Tiago Machado) que se destaca, com o arranjo de cordas a aumentar o tom de despedida anunciada na canção, já nesse inaugural “Estou Além” a interpretação de Telmo Pires traz uma placidez que parece contrastar com “a pressa de chegar” do original. Mas é neste jogo de tensões que se constroem os outros três momentos do disco, todos eles oriundos do álbum “Anjo da Guarda”. Num ambiente quase castiço, “O Corpo É Que Paga” tem um pé seguro no fado mas conta com um coro de amigos “sem juízo” que ajudam a que aversão fique descontraída e cativante. Desde a batida inicial, a releitura de “É p’ra Amanhã” está por seu lado próxima de uma tradição que é também “pop” e que faz perceber como algumas das vozes que se movimentam actualmente no fado devem mais a António Variações do que podem por vezes pensar. Isto porque, como se percebe de forma bem clara pela última versão, de “Voz-Amália de Nós” (único momento em que a guitarra portuguesa é entregue a Luís Guerreiro e não a José Manuel Neto), a nossa maior diva é de facto um dos eixos centrais da obra desta alma inquieta que, ao lado de alguns dos músicos mais marcantes de inícios de 80s, revolucionou a música portuguesa. E, na interpretação de Telmo Pires, esta canção mantém a força de uma invocação, casando tempos e fazendo pensar sobre oque poderão ser os próximos passos do cantor. Mas o momento é agora, sempre a dar e receber!
João Carlos Callixto